quinta-feira, 2 de julho de 2009

"Malandro que é malandro não é Mané"

Você já notou que as pessoas no Brasil tem a mentalidade que ser esperto é ser safado, e pior, isso pra certas pessoas é bom, chama atenção e ganha admiração de muitos.
Ser esperto é sonegar imposto, não pagar uma multa, cortar a fila, fazer as coisas por debaixo dos panos e sair por cima como se fosse o “bonzão”, ser corrupto, inventar aquela mentirinha pra se safar (talvez colocando a culpa em outra pessoa que não tinha nada com a história), enganar os outros com religião. Quanto mais você faz os outros de idiota melhor.
Tudo que está errado, o famoso “jeitinho brasileiro”, arruma, a falta de educação virou desculpa para o mau humor, os valores se inverteram, ser honesto é ser burro, ser generoso/solidário é o cúmulo, ter caráter te transforma num ET, compaixão e integridade fugiram do nosso dicionário, educação é lenda e determinação é para perdedores que querem subir na vida.
Nos Estados Unidos as pessoas são robotizadas e em qualquer situação as pessoas pedem desculpa, falam com licença, obrigado e por favor, eles não furam filas e os valores bons são os bons por lá. Reconheço que eles tem uma falta de conhecimento sobre o resto do mundo e também tem o fato deles acharem que são seres supremos no planeta, mas ao meu ver, é muito melhor que sejamos robotizados e sem querer a gente aja educadamente do que sermos todos iguais de forma mal educada.
O que eu penso é que isso pode se dar porque o povo brasileiro está atrelado a leis (que também sempre conseguimos distorcer e achar brechas) enquanto os outros povos, europeus e americanos estão atrelados aos costumes, ou talvez o Brasil também esteja atrelado a um costume às avessas, assim como o parlamentarismo às avessas que só existiu aqui, costume esse que começa no governo e faz a cabeça no país inteiro.
No Japão, o governo elaborou um plano para movimentar a economia, dar 100 dólares para cada cidadão, jovens até 18 anos e aposentados ainda ganhariam um extra. Sabe qual foi a reação da população? Mais de 60% da população acreditou que o esquema não era necessário, essas pessoas disseram não ter certeza se aceitariam a oferta.
Imagine se isso fosse feito aqui no Brasil, o que teria de pessoas entrando duas vezes na fila pra pegar o dinheiro, esquecendo que já tem mais de 18 anos, achando que já se aposentou, ensinando os filhos menores de 5 anos a pedir o dinheiro pra comprar chiclete.
Parte dessa culpa talvez se dê por causa dos valores traçados e deturpados por uma mídia nacional que mostra o “espertão” como uma coisa boa, faz-se a apologia de uma esperteza sacana quando deveriam fazer o contrário, um vendedor, por exemplo, é considerado esperto e muito valorizado se ele souber como envolver o cliente iludindo-o para que ele adquira seu produto, ou seja, esperto é na verdade um enganador.

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