segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Fórmula 1 é um circo onde os palhaços somos nós!

Por AIRTON GONTOW*

A Fórmula 1 é um grande circo, onde os palhaços somos nós, que acordamos ou deixamos de dormir para acompanhar seus treinos, corridas, constantes mudanças de regulamentos e maracutaias.

É uma competição em que homens correm em desigualdade de condições e a máquina decide muito mais que o piloto.

Torcemos e vibramos com títulos de falsos heróis que geralmente tiveram condições muito superiores aos adversários.

Tantas vezes vemos um piloto conquistar o título em um ano e no seguinte chegar no pelotão intermediário em quase todas as provas.

Perdeu porque piorou?

Não, simplesmente porque o carro já não é o melhor.

Há pilotos brilhantes que passam a vida criticados porque nunca tiveram a sorte de contar com o melhor carro.

Não sou especialista e estou aberto a argumentos contrários, mas não esqueço que o tão criticado Mansell – o desastrado, o destruidor de carros – foi depois campeão da F-1 (92) e da Fórmula Indy em 93, em seu ano de estreia da categoria.

Geralmente a F-1 é uma disputa limitada a pilotos de uma ou duas grandes equipes, que competem com máquinas equivalentes, como vimos nas inesquecíveis disputas entre Senna e Prost, como em 88, quando a McLaren venceu 15 das 16 provas (oito vitórias de Senna, sete de Prost e uma de Berger da Ferrari).

E até esse pequeno gosto é retirado do público quando acontecem marmeladas como esta, mais uma vez capitaneada pela Ferrari.

Aí sim o homem decide na F-1.

Decide fora da pista, quando acontecem as ordens para os segundos pilotos cederem seus lugares ao primeiro piloto, como vimos hoje com Felipe Massa e Fernando Alonso; em 2002, no GP da Áustria, quando Rubens Barrichello desacelerou sua Ferrari para deixar Michael Schumacher ganhar a corrida e em tantas outras vezes na história.

O que aconteceu em Hockenheim foi uma vergonha.

Pior do que a atitude na pista, foi a justificativa de Felipe Massa fora dela. “Sou um homem de equipe”, justificou.

Por ser homem de equipe, Nelsinho Piquet bateu o carro no GP de Cingapura, em 2008, para favorecer seu companheiro Fernando Alonso.

Aliás, alguém consegue explicar porque o piloto espanhol não foi punido pela FIA e ainda foi contratado pela mais famosa das equipes?

Acredito que quase tão ruim e conivente com a imoralidade quanto ver um espetáculo circense construído à custa do maltrato aos animais é assistir ao circo podre desta categoria que cada vez menos tem o direito de ser chamada de esporte.

*Airton Gontow é jornalista e cronista.

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