Vivi a grande parte da minha vida em uma chácara que beirava a cidade, foi uma infância feliz.
E até hoje em alguns sonhos que se misturam a coisas atuais e passadas eles sempre acontecem naquele lugar, mais propriamente entre a minha casa e a da vó.
Era uma chácara muito bonita com uma jaqueira frondosa que causava medo. Em dias de chuvas fortes parecia que iria cair em cima da casa da vó, mas tinha uma sombra amiga em dias quentes, onde eu e meus primos mais quantos amigos quiséssemos podiam brincar, e por aqui quase o ano todo é muito quente.
Eram duas casas em 1 alqueire talvez de espaço, fui muito feliz.
E por ter sido tão feliz , tenho muita saudade daquele lugar, que semana passada descobri não existir mais. Então notei como é estranho nos adaptarmos às mudanças, aos ciclos da vida e o tempo que tudo transforma, amadurece e às vezes apodrece.
Mudamos, minha vó faleceu , vendemos a chácara. Alguém comprou e virou um loteamento e agora já tem casas sendo construídas e até mesmo algumas pessoas morando em suas casas novinhas, tudo muito bonito. Famílias sendo constituídas.
Mas não para mim ainda que vi a casinha da minha vó e a minha ainda alugadas sei lá por quem em ruínas pelo tempo e a visão bonita que tinha não era exatamente aquela, parece bobo mas foi chocante.
Confesso, me emocionei, prefiro guardar as lembranças que ainda mantenho, passar por lá vai me causar um pouco de desconforto, esse desconforto da mudança meio que inevitável.
E aquilo tudo que fazia parte da minha história e do meu passado agora vai fazer parte da história e do passado de muita gente.
Pensando bem aquele lugar que me fez tão feliz vai servir pra muita gente ser feliz também.
Mas tenho pra mim que foi por lá que enterraram meu umbigo.
Desapegar é uma arte dos evoluídos.
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